12/04/2013

Breakaway Cap 11 - Diário de Carlos ~ Maratona



Kira apertou os passos para dentro da loja mais próxima. A chuva começara a engrossar e sua mãe não gostaria de vê-la chegando molhada em casa. Entrou em uma loja de chapéus muito famosa na região londrina e suspirou aliviada ao ver que nem um pingo tinha caído em sua roupa.
Naquela manha estava acontecendo o enterro de Carlos, mas Kira odiava enterros. Da última vez que fora em um, tinha sido de sua vó paterna, uma perda muito lastimável, e não tinha gostado muito da experiência.
Louis ainda estava de cama, pelo menos até o dia seguinte. Ele já estava bem melhor, seu jeito cínico e rude tinham voltado a todo o vapor e as brigas constantes dos dois já tinham voltado a sua rotina normal.
– Posso ajuda-la? – um rapaz alto e jovem perguntou docemente. Kira levou um pequeno susto – Desculpe-me, não quis assusta-la.
– Não... Tudo bem, só estava me protegendo da chuva... Se incomoda?
– Não, fique a vontade. – o garoto disse.
– Obrigada.
Kira admirou por um segundo sua beleza. Era um jovem alto, de cabelos loiros escuros e seus olhos possuíam um tom verde, eram lindos. Seu ombro era largo e o casaco que usava caía perfeitamente pelos seus ombros.
– O que uma jovem tão bela como você estaria fazendo sozinha na rua? – ele puxou assunto.
– Eu vim dar uma volta... Não gosto muito de me trancar em casa.
– Entendo – o rapaz disse – Sou Philip! – Philip lançou um sorriso amigável.
– Me chamo Kira... – a garota respondeu um pouco acanhada. Por que ele estava falando com ela? Geralmente as pessoas da região mantinham distancia dela.
– Belo nome – Kira lançou um sorriso fraco e voltou a encarar a chuva forte pela janela – Você não é muito de falar, certo Kira?
– Não sou boa pra papo... Além do mais, as pessoas nunca conversam comigo. – ela disse com indiferença, sem tirar os olhos da janela.
– Não sei por que, você é uma dama muito agradável – Kira riu fraco, colocando uma mecha de sua franja para trás da orelha.
– Você não é daqui, é?
– Não. Como adivinhou? – Philip riu.
– Porque nunca te vi nessa loja... – a garota reparou na afinada que a chuva deu – E porque qualquer homem que queira manter uma imagem... Não viria conversar comigo! – Kira olhou para aqueles olhos verdes e deu um último sorriso antes de sair porta a fora.
Ela correu pelas pequenas ruas movimentadas – mesmo com chuva – e foi ao encontro de sua carruagem. Pierre a aguardava com a mesma cara de sempre e quando a viu chegar, lançou um sorriso breve.
– Se divertiu, Kirra? – o francês simpático perguntou.
– Muito. – a garota riu e subiu na carruagem.
Pierre fechou a porta e em poucos minutos ela já estava sendo levada para casa. Kira adorava passear pelas ruas Londrinas em dias nublados... Não entendia muito porque, mas adorava. Talvez seja por causa do vento forte que batia em seus cabelos, ou ás vezes o cheiro de asfalto – sim, já existia asfalto em 1888 – molhado que entupia suas narinas.
Mas naquele dia tinha sido diferente... Philip. Ficara realmente chocada por tê-lo conhecido, seus únicos amigos, até então, era um de seus criados, seu primo, e agora dois amigos de seu noivo. Ninguém nunca parava na rua para se comunicar com ela, Kira era como o problema que toda família evitava: uma filha rebelde. Ela até se divertia com a situação, era um tanto quanto engraçado.
Kirra, chegamos. – Pierre abriu a porta da carruagem, e ajudou a garota a descer.
Kira agradeceu e foi para dentro de casa rapidamente. Fifi veio correndo para recebe-la e Kira a pegou no colo acariciando a cachorrinha.
– Kira é você? – a voz fina de seu noivo ecoou pelo corredor.
– E falando em inferno! – ela revirou os olhos e colocou a animalzinha no chão – Sim, Louis? O que é?
– Nada, só estava vendo se era você... Infelizmente. – Kira andou pelo corredor até chegar a sala de estar, onde Louis estava sentado lendo um jornal.
– Você parece melhor... Muito melhor.
– É... acho que estou melhorando.
– Ninguém chegou ainda?
– Por acaso você está vendo mais alguém nessa casa além de nós dois?
– É. Você está melhor. – Louis virou os olhos.
Kira se jogou no sofá ignorando o garoto. A casa ficava tão calma sem sua mãe para lhe perturbar a paciência. Estaria mais perfeito ainda se Louis não estivesse presente, aí sim seria o paraíso.
Os olhos da garota então repararam em umas papeladas em cima da mesa de centro. Várias folhas brancas empilhadas uma sobre a outra, junto com algumas caixas do lado.
– O que é isso? – ela perguntou mais para si mesma.
– Sei lá... – Louis deu de ombros.
Kira ignorou Tomlinson e foi dar uma olhada. Ela se ajoelhou diante a mesa e começou a mexer nas folhas. Era algo sobre Carlos... Na verdade, algo de Carlos. Talvez as coisas que estava no seu escritório.
Kira abriu a caixa e olhou curiosa para dentro. Tinham várias folhas, desenhos, para ser mais especifica. Ela enrugou a testa e tirou-os lá de dentro. Elas continham o mesmo padrão de desenhos, era um ombro com uma espécie de cicatriz... Ou talvez uma tatuagem.
Ainda curiosa, Kira voltou a olhar dentro da caixa. Calculadoras, livros de matemática e bem no fundo, um livrinho pequeno, com a capa de couro em um tom marrom desbotado. A jovem pegou e conseguiu ler em letras cursivas ´´Diário``. Era o diário de Carlos.
– Louis! – Kira se levantou, abrindo o diário – Olhe isso... – ela se sentou ao lado do noivo e mostrou para ele.
– O que é isso? – Louis perguntou impaciente.
– É o diário do Carlos.
– Carlos escrevia em um diário? Puffff que gay! – Kira lhe deu um tapa no braço – Ai! Desculpa.
Dentro do pequeno livrinho continha linhas e mais linhas preenchidas com a letra cursiva de Carlos. Algumas páginas tinhas uns desenhos estranhos e outras estavam com algumas fotos coladas.
– Olhe... Essa está solta – Louis apontou para uma foto que tinha caído do meio das páginas, junto com um papelzinho dobrado  – ´´Mantenha os amigos perto, e os inimigos mais perto ainda`` – Tomlinson leu.
Kira pegou a foto de suas mãos. Era um homem bem novo. Deveria ter uns 18 anos. Cabelos cheios de gel, jogados para trás e usava um terno extremamente arrumado e, pelo o que parecia, caro. A foto estava desgastada e parecia ter sido amaçada várias vezes.
– Por que Carlos guardaria isso com ele?
– Ás vezes é um parente! – Louis palpitou.
– E porque esse parente mandaria uma foto com isso escrito atrás?
– E quem disse que o parente mandou?
– Louis, está vendo essas marcas aqui do lado? – Kira mostrou umas manchas brancas na borda da foto – Isso quer dizer que ficou em um lugar fechado, apertado, com algum ambiente úmido... Provavelmente mandaram de longe e o correio deixou molhar em algum momento...
– O que tem no papel?
– Hm... – Kira desenrolou o papel, esse estava em um estado ainda pior – ´´Caro senhor Klarck, o senhor sabe o que fazer. Estarei de olho. Ficarei observando. Não fracasse. Sua missão é tão simples... Um erro e você saberá as consequências. –L ´´ Quem é L?
– Não sei...
– L... L... – Kira tentou pensar em alguém conhecido (tirando Liam e Louis, claro).
– Certo... – Louis parecia meio confuso – Então Carlos tinha um parente filosofo? – Kira virou os olhos.
– Louis? Você já leu algum livro na vida?
– Alguns... Por quê?
– Não está obvio?
– Er não... Desculpe, mas eu não falo macaques.
– Argh! Carlos deveria estar 100% envolvido no roubo... Deveria estar sendo pressionado.
– Pelo tal de L?
– Sim! Esse cara deve estar atrás de tudo e...
– Venha, querido... Vamos! – os dois levaram um susto, tanto, que até deram um pulo. Era Kerry... E William... E Harry e Zayn... Tinham voltado do enterro.
– Esconde isso!!! – Louis sussurrou e Kira pegou os desenhos rapidamente junto com o diário.
– Onde eu ponho??? – a garota ficou procurando um lugar.
– Kiryn? Louis? Estão aí? – a voz de Kerry se aproximava.
– Ai, bulhufas!
– Bulhufas? – Louis começou a rir. Kira fez cara feia e tacou as coisas em cima dele – Ei!
Louis olhou para os lados e pegou uma almofada, colocando-a sobre o seu colo e tampando os utensílios de Carlos.
– Aí estão vocês!! – Kerry apareceu – Até que enfim. O enterro foi horrível! Tudo mal organizado e... Vocês estão estranhos, está tudo bem?
– Sim... – Louis e Kira responderam juntos.
– Ok então... – Kerry os olhou estranho – Vou pedir para que Maura arrume o almoço... Não incomodem William viu? Ah! E Kira, minha filha, teremos visitas para o jantar hoje, esteja apresentável.
– Certo.
– Hãn... Louis? Está passando bem? Está abraçando uma almofada!
– Sim... Eu só estou com frio... Eu estou bem.
– Certo... Harry e Zayn estão lá fora conversando... Eu vou falar com a Maura! – e enfim, Kerry saiu.
– Ufa... Sua mãe é insistente.
– Nem me fale... Me dê isso, vou levar lá para cima e guardar em um lugar mais seguro. Ninguém pode saber que estamos com isso.

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