6/08/2014

Criminal Capítulo 5 – “Modest!”




“Gato é atropelado em LA”; “Garoto é jogado de viaduto e perde a perna”; “Secretária da banda One Direction morre em evento beneficente”.
Franzi meu cenho com raiva e joguei o jornal com força no chão.
– O jornal não te fez nada! – Alfred me repreendeu, acariciando os pelos de Chanel.
– Eu ainda não acredito que ele não está morto! Eu não acredito que eu falhei!
– Pense pelo lado positivo: você saiu na primeira página! – ele abriu o jornal, mostrando o título em que apresentava o texto da secretária morta – Aqui diz que os principais suspeitos foram um cara vestido de árabe, uma mulher mascarada e... Um australiano de terno verde.
– Tá. Estamos na primeira página, mas ‘idaí? Estamos na manchete errada... Não era para estar escrito isso! – passei a mão pelo rosto e me joguei na cama – Eu quero morrer.
– Para de ser criança, Clara! Tem primeira vez para tudo! Tenho certeza que na segunda você não erra!
Chanel pulou de seu colo e caminhou até mim, ronronando enquanto passava seu rabo sujo pelo me braço. Seus pelos brancos soltaram-se em minha camiseta cinza e eu bufei empurrando-a com os dedos.
– Sai!
– Eu não entendo! Se odeia tanto ela, por que a tem?
– Eu não a odeio. Só não gosto dos seus pelos soltando por todo o canto.
– ‘Tá legal... – Alfred se levantou da poltrona, não muito convencido com minha resposta – Eu vou para o meu quarto. Se precisar de algo, me chame.
– Ok.
Ele acenou de leve com a mão e saiu do quarto, me deixando sozinha com Chanel-soltadora-de-pelos. Ela miou mais uma vez e rodou na cama, de barriga pra cima, soltando seus pelos por toda a colcha.
Minhas mãos passaram pela cama, tirando os pelos que ali ficaram e acabei sentindo uma coisa dura e com textura lisa sobre meus dedos. Olhei para o lado e vi a carteira de Alfred perto do rabo de minha gata, pegando-a em seguida. Abri o objeto, só por curiosidade em ver os tipos de documentos que ele levava ali e quase engasguei quando encontrei, de cara, uma foto minha.
Deveria ter sido tirada na época em que namorava Steve, levando o fato que ele estava sentado no canto, olhando a foto sendo tirada. Meus cabelos estavam compridos, hidratados, loiros e cheios de vida, assim como meu rosto “angelical”, como todos diziam. Usava a típica roupa preta de sempre e minhas mãos se encontravam na cintura, fazendo uma pose quase que de modelo. O sorriso que eu estampava era tão grande que nem lembrava mais que eu era capaz de abrir um desses.
Chanel miou novamente, fazendo-me me distrair e olha-la entrar no banheiro, onde pude ver de longe meu reflexo batendo no espelho perto da pia. Ninguém diria que a garota que se olhava no espelho, era a mesma da foto.
Meus dedos magros passaram para as olheiras fundas em baixo de meus olhos, revelando todas as minhas noites mal dormidas. Eu já estava acostumada em vê-las ali, nunca saiam, nunca melhorava e às vezes, pioravam. Os cabelos compridos, loiros e totalmente bagunçados, secos, pareciam uma vassoura. Meu rosto, mais magro e fino, deixava-me com um jeito cadavérico, assim como o restante do corpo, tão magro e seco, que nem parecia a Clara de antes... Na verdade, eu não era mais a Clara de antes. Eu tinha virado outra pessoa e isso era fato.
– É... A vida dá várias voltas e... – meu pensamento dramático foi completamente interrompido pelo meu novo celular apitando ao meu lado.
Encarei a notificação, vendo que era uma mensagem de Alfred. Desbloqueei rapidamente, vendo a pequena tela de mensagens se abrir e pude ler no balãozinho cinza da esquerda:
“Modest!”
Enruguei a testa, tentando compreender a mensagem. Peguei meu computador, abrindo a Internet e digitando a mesma palavra, vendo as informações que eu poderia adquirir fazendo aquilo. Meus olhos passaram pelos resultados e algo chamou totalmente a minha atenção. Fiz mais algumas pesquisas, anotando o pequeno endereço no meu bloquinho e pulando da cama enquanto vestia o casaco preto cheio de pelos brancos.
Saí pela porta do quarto, com minha bolsa pendurada no ombro e peguei o elevador mais rápido que pude. Apertei os botões com pressa, chegando ao saguão e indo direto para a porta mais calmamente. Cheguei a rua e olhei para os lados, tentando achar um táxi disponível para me levar ao meu destino.
– TÁXI! – gritei, vendo o carro preto com a plaquinha acesa no teto parar em minha frente. Entrei e passei o endereço, vendo-o acelerar pelas ruas londrinas.
Respirei fundo por alguns segundos, pensando no que fazer e como fazer. Eu não iria falhar de novo, eu não falhava... Bem, eu nunca tinha falhado, até o dia anterior.
O senhor taxista parou em frente ao enorme prédio de vidro. Agradeci, lhe entregando a quantia certa e saindo do carro. Subi as escadas até chegar na porta da frente espelhada, empurrando-a e dando de cara com um dos lugares mais brancos de toda a minha vida. Olhei em volta, um pouco admirada... As balconistas no fundo da sala me olharam feio, cochichando algo. Os funcionários passavam pra lá e para cá, todos com uniformes, cada cargo com um tipo de roupa diferente.
Afastei toda essa admiração da minha cabeça e foquei no importante. Olhei para a minha direita, vendo um corredor amplo e branco, cheio de entradas nas laterais. Ele levava para uma escadaria. Fiz a mesma coisa do outro lado, vendo outro corredor, mas esse estava repleto de quadros-pôsteres pendurados, e em vez de levar a uma escada, levava a outro corredor a direita. Fiz meus cálculos e contei exatamente 10 seguranças naquele andar.
Dei meia volta e saí dali, descendo aquelas mesmas escadas e dando a volta no prédio. Virei a calçada, indo até o final do quarteirão, onde finalmente acabava aquela gravadora. À esquerda, tinha um pequeno beco sem saída e foi lá que eu entrei, achando uma porta, uma janela, uma saída de ar e uma caixa de lixo grande e larga.
– Certo... Vejamos...
Utilizei a pouca força que tinha e empurrei a caixa de lixo para de baixo da janela, subindo em cima da tampa fraca de plástico, e apoiando as mãos no pequeno batente de madeira da janela. Pelo vidro, consegui ver uma cozinha, com algumas senhoras andando para lá e para cá, desesperadas. Não conseguiria passar por ali sem ser vista e provavelmente a porta dava para o mesmo lugar... Então, restava só uma opção: a saída de ar.
Desci do lixo, empurrando-o mais para o lado, onde ficara bem embaixo da tampa de metal. Voltei a ficar a cima do chão e fiquei de frente para a saída de ar. Procurei na minha bolsa um canivete suíço, usando-o para desrosquear os parafusos que prendiam a tampa. Obtendo sucesso, deixei o metal em cima do lixo e enfiei meus braços no tubo de ventilação, dando um impulso com meus próprios pés para entrar naquele local espremido. Tinha acabado de achar uma vantagem de ter emagrecido tanto.
Comecei a me arrastar, até que todo meu corpo se encontrasse ali dentro. Senti meus pés baterem no metal apertado e utilizei-os para me ajudar a me mover para cada vez mais longe da entrada perto da lixeira.
Continuei meu caminho, virando para a esquerda, depois, direita, praticamente me perdendo no meio de todo aquele labirinto.
– Ah! Claro, Sr. Bolton! – ouvi uma voz ecoando pelo duto de ventilação, deixando-me alerta – O senhor quer que eu chame um médico? – segui o eco que a voz fazia, virando em outro tubo a minha esquerda. Esse, por sua vez, era mais largo, e pude levantar meu corpo para engatinhar a partir dali. – Ok. Ligarei para o senhor depois! Tchauzinho!
Andei mais um pouco, vendo a longe uma luz fraca vindo de baixo do tubo de ventilação. Engatinhei mais rápido em direção a luz, chegando em outra portinha de metal. Usei meu canivete mais uma vez, agradecendo pelos parafusos estarem virados para o meu lado, e tirei a tampa dali com cuidado, avistando um carpete vermelho.
– Xeila, chama o médico do Sr. Bolton? – uma mulher bem vestida passou pelo carpete, com vários papéis na mão, indo para outro lado no qual não pude ver.
Arrisquei-me a abaixar a cabeça pelo buraco, para conferir se podia descer. Não vi ninguém na sala, muito menos a mulher de voz nojenta, amiga do Sr. Bolton. Levantei a cabeça, levando meus pés para fora e dando um pulo, pousando delicadamente sobre o carpete.
Observei a pequena sala que me encontrava e saí pela porta, chegando em outro corredor vazio, cheio de portas que pareciam infinitas. Eu precisa pensar, raciocinar, descobrir a sala em que eles estavam e eu já tinha uma noção de onde eu procura...
– Ei! – um grito veio de trás de mim. Dei um pulo, me virando assustada – O que está fazendo aqui?
Os cabelos tacados de gel, a barba bem aparada e a blusa xadrez vermelha me fizeram lembrar as minhas pesquisas anteriores. O nome piscou no meu cérebro e pela primeira vez na vida fiquei sem uma resposta para dar. O que eu falaria?
– Hm... Eu... Estou... Sabe...
– Você não parece uma funcionária. – disse Liam, dando um gole em sua garrafinha d’água.
– Eu só estava...
– AAAAAH! – ele deu um berro, como se tivesse lembrando-se de algo e me assustando de novo – Você veio para o teste não foi? Pra entrevista? – me encarou, esperando uma resposta.
– Er... Foi. – concordei, endireitando a coluna e firmando a voz – Vim para a entrevista, mas... No caminho pra sala... Eu meio que me perdi.
– Fica tranquila – ele riu fraco – Esse lugar é enorme mesmo! Preciso de um GPS pra achar um banheiro até hoje! – ele gargalhou da própria piada. Ri fraco, abrindo um sorriso forçado.
– Será que você pode me levar pro lugar certo? – perguntei, coçando a cabeça.
– Mas é claro! – Liam disse, simpático, se aproximando de mim e franzindo o cenho de repente – Hmm... Você me é familiar, te conheço? – neguei rapidamente.
– Com certeza não! Sou norte-americana... Vim pra Londres procurar... – parei, tentando adivinhar que tipo de entrevista “eu viera fazer” – ...algo pra fazer da vida!
– Bem que reparei no sotaque! – falou, começando a andar pro outro lado – Aliás, sou Liam! – esticou a mão para mim. Apertei-a – Eu sei que já deve me conhecer, porque se não, não estaria aqui, mas gosto de me apresentar para as pessoas.
– Sim. Eu te conheço! – sorri o mais meiga possível, continuando a tentativa de decifrar pra que entrevista eu estava indo – Sou Hope! – menti, voltando a andar do seu lado.
– Nome legal. – ele falou – Então? Está gostando de Londres? – pra falar a verdade: não.
– Sim – menti outra vez – É um lugar lindo.
– Nem me fale! Adoro esse lugar, mas não é sempre que posso sair e aproveitar! Geralmente as fãs não permitem! – Liam disse um pouco frustrado.
– Deve ser uma loucura essa vida... – comentei, com uma pitada de sinceridade.
– Nem me fale. Mas tem muito mais prós do que contras, isso eu posso te garantir! – ele falou fazendo uma careta sonhadora e eu pude jurar que senti vontade de rir de verdade, mas me segurei.
Por ser uma pessoa muito detalhista, pude reparar o quanto Liam estava cansado. Suas olheiras o denunciavam por completo e suas bochechas estavam levemente marcadas, ou seja, estava dormindo ou sua cabeça ficou um bom tempo apoiada na mão, em posição de tédio... Bem, continuamos andando pelos corredores e Liam não parava de falar um segundo. Em cinco minutos de caminhada consegui ouvir a história da sua família, decorar o nome de suas irmãs e descobrir que ele tinha uma tartaruga de estimação chamada Billy.
– Aqui estamos. – ele parou em frente a uma fila cheia, completamente cheia, de garotas – E é bom eu me mandar antes que...
– AH MEU DEUS! – uma guria na nossa frente berrou, atraindo a atenção de todas ali – LIAM! – ela começou a dar pulos e eu fiquei visivelmente assustada. Que tipo de animal ela era?
– Antes que isso acontecesse! – ela sorriu fraco, vendo metade daquelas criaturas correrem pra cima dele.
Fiquei prensada no meio daquela roda e comecei a me questionar se elas eram mesmo humanas. Podia jurar que uma delas mordeu minha orelha. Além do mais, os gritos eram tantos, numa altura desagradável, que achei que iria ficar surda. Chegava a ser pior que um barulho de tiro.
– QUEM É ESSA? – uma gritou.
– OLHA ESSA ROUPA!
– LIAM, EU TE AMO!
– Vamos sair daqui! – ele falou com pressa, pegando na minha mão e me puxando para o final do corredor, onde uns três seguranças nos puxaram do meio da muvuca que nos cercava e nos jogava dentro de uma sala. Tropecei nos pés de um dos caras (seguranças) e senti o chão ceder, já esperando minha cara aterrissar o carpete com força.
– Cuidado! – uma voz grave falou e segundos depois, senti meu corpo pendurado em braços rígidos cobertos por uma jaqueta cheirando a couro e cigarro.
Ouvi um barulho de porta batendo; os gritos foram totalmente abafados e meu corpo foi colocado em solo novamente.


Olaaaaaaaaaaaaaaaaa minhoquinhas!
NÃO! HOJE NÃO É SEGUNDA, JÁ SEI!
Mas é que talvez amanha eu não consiga publicar,
por isso estou publicando hoje!
But, se amanha der, eu posto do mesmo jeito
e vocês acabam com 3 capítulos essa semana!
Boooom, esse cap tava muito grande então eu dividi, 
tirei o final desse e passei pro cap 6.
Eu espero que tenham gostado e a partir de agora
vai ficar mais legal, eu JURO!
Muuuito obgg pelos comentários!
Eu amo vocês, tá?
Só isso garotas!
Tenham um boooom domingo!
Malikisses & Paynekisses
Lo <3



2 comentários:

  1. Elo sua Diva S2
    Desculpe por demorar para comentar,estava muito ocupada essas semanas,enfim,sua outra fic que pft,essa e bem diferente,me apaixonei desde que li o primeiro capítulo.
    Como assim ficar mais legal? Já tá,imagina se ficar mais? Vou ter um ataque de ler tanta perfeição.
    Minhoca Mãe! E sua outra fic,que ñ era publicada aqui? Eu fui atraz e ñ achei,pode mandar um link.
    Bjs

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  2. Que sortuda hem. Nem precisou ficar no meio da muvuca.

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