“Gato é atropelado em LA”;
“Garoto é jogado de viaduto e perde a perna”; “Secretária da banda One
Direction morre em evento beneficente”.
Franzi meu cenho com raiva e
joguei o jornal com força no chão.
– O jornal não te fez nada! –
Alfred me repreendeu, acariciando os pelos de Chanel.
– Eu ainda não acredito que ele
não está morto! Eu não acredito que eu falhei!
– Pense pelo lado positivo: você
saiu na primeira página! – ele abriu o jornal, mostrando o título em que
apresentava o texto da secretária morta – Aqui diz que os principais suspeitos
foram um cara vestido de árabe, uma mulher mascarada e... Um australiano de
terno verde.
– Tá. Estamos na primeira página,
mas ‘idaí? Estamos na manchete errada... Não era para estar escrito isso! –
passei a mão pelo rosto e me joguei na cama – Eu quero morrer.
– Para de ser criança, Clara! Tem
primeira vez para tudo! Tenho certeza que na segunda você não erra!
Chanel pulou de seu colo e
caminhou até mim, ronronando enquanto passava seu rabo sujo pelo me braço. Seus
pelos brancos soltaram-se em minha camiseta cinza e eu bufei empurrando-a com
os dedos.
– Sai!
– Eu não entendo! Se odeia tanto
ela, por que a tem?
– Eu não a odeio. Só não gosto
dos seus pelos soltando por todo o canto.
– ‘Tá legal... – Alfred se
levantou da poltrona, não muito convencido com minha resposta – Eu vou para o
meu quarto. Se precisar de algo, me chame.
– Ok.
Ele acenou de leve com a mão e
saiu do quarto, me deixando sozinha com Chanel-soltadora-de-pelos. Ela miou
mais uma vez e rodou na cama, de barriga pra cima, soltando seus pelos por toda
a colcha.
Minhas mãos passaram pela cama,
tirando os pelos que ali ficaram e acabei sentindo uma coisa dura e com textura
lisa sobre meus dedos. Olhei para o lado e vi a carteira de Alfred perto do
rabo de minha gata, pegando-a em seguida. Abri o objeto, só por curiosidade em
ver os tipos de documentos que ele levava ali e quase engasguei quando
encontrei, de cara, uma foto minha.
Deveria ter sido tirada na época
em que namorava Steve, levando o fato que ele estava sentado no canto, olhando
a foto sendo tirada. Meus cabelos estavam compridos, hidratados, loiros e
cheios de vida, assim como meu rosto “angelical”, como todos diziam. Usava a
típica roupa preta de sempre e minhas mãos se encontravam na cintura, fazendo
uma pose quase que de modelo. O sorriso que eu estampava era tão grande que nem
lembrava mais que eu era capaz de abrir um desses.
Chanel miou novamente, fazendo-me
me distrair e olha-la entrar no banheiro, onde pude ver de longe meu reflexo
batendo no espelho perto da pia. Ninguém diria que a garota que se olhava no
espelho, era a mesma da foto.
Meus dedos magros passaram para
as olheiras fundas em baixo de meus olhos, revelando todas as minhas noites mal
dormidas. Eu já estava acostumada em vê-las ali, nunca saiam, nunca melhorava e
às vezes, pioravam. Os cabelos compridos, loiros e totalmente bagunçados,
secos, pareciam uma vassoura. Meu rosto, mais magro e fino, deixava-me com um
jeito cadavérico, assim como o restante do corpo, tão magro e seco, que nem
parecia a Clara de antes... Na verdade, eu não era mais a Clara de antes. Eu
tinha virado outra pessoa e isso era fato.
– É... A vida dá várias voltas
e... – meu pensamento dramático foi completamente interrompido pelo meu novo
celular apitando ao meu lado.
Encarei a notificação, vendo que
era uma mensagem de Alfred. Desbloqueei rapidamente, vendo a pequena tela de
mensagens se abrir e pude ler no balãozinho cinza da esquerda:
“Modest!”
Enruguei a testa, tentando
compreender a mensagem. Peguei meu computador, abrindo a Internet e digitando a
mesma palavra, vendo as informações que eu poderia adquirir fazendo aquilo.
Meus olhos passaram pelos resultados e algo chamou totalmente a minha atenção.
Fiz mais algumas pesquisas, anotando o pequeno endereço no meu bloquinho e
pulando da cama enquanto vestia o casaco preto cheio de pelos brancos.
Saí pela porta do quarto, com
minha bolsa pendurada no ombro e peguei o elevador mais rápido que pude. Apertei
os botões com pressa, chegando ao saguão e indo direto para a porta mais
calmamente. Cheguei a rua e olhei para os lados, tentando achar um táxi
disponível para me levar ao meu destino.
– TÁXI! – gritei, vendo o carro
preto com a plaquinha acesa no teto parar em minha frente. Entrei e passei o
endereço, vendo-o acelerar pelas ruas londrinas.
Respirei fundo por alguns
segundos, pensando no que fazer e como fazer. Eu não iria falhar de novo, eu
não falhava... Bem, eu nunca tinha falhado, até o dia anterior.
O senhor taxista parou em frente
ao enorme prédio de vidro. Agradeci, lhe entregando a quantia certa e saindo do
carro. Subi as escadas até chegar na porta da frente espelhada, empurrando-a e
dando de cara com um dos lugares mais brancos de toda a minha vida. Olhei em
volta, um pouco admirada... As balconistas no fundo da sala me olharam feio,
cochichando algo. Os funcionários passavam pra lá e para cá, todos com
uniformes, cada cargo com um tipo de roupa diferente.
Afastei toda essa admiração da
minha cabeça e foquei no importante. Olhei para a minha direita, vendo um
corredor amplo e branco, cheio de entradas nas laterais. Ele levava para uma
escadaria. Fiz a mesma coisa do outro lado, vendo outro corredor, mas esse
estava repleto de quadros-pôsteres pendurados, e em vez de levar a uma escada,
levava a outro corredor a direita. Fiz meus cálculos e contei exatamente 10
seguranças naquele andar.
Dei meia volta e saí dali,
descendo aquelas mesmas escadas e dando a volta no prédio. Virei a calçada,
indo até o final do quarteirão, onde finalmente acabava aquela gravadora. À
esquerda, tinha um pequeno beco sem saída e foi lá que eu entrei, achando uma
porta, uma janela, uma saída de ar e uma caixa de lixo grande e larga.
– Certo... Vejamos...
Utilizei a pouca força que tinha
e empurrei a caixa de lixo para de baixo da janela, subindo em cima da tampa
fraca de plástico, e apoiando as mãos no pequeno batente de madeira da janela.
Pelo vidro, consegui ver uma cozinha, com algumas senhoras andando para lá e
para cá, desesperadas. Não conseguiria passar por ali sem ser vista e
provavelmente a porta dava para o mesmo lugar... Então, restava só uma opção: a
saída de ar.
Desci do lixo, empurrando-o mais
para o lado, onde ficara bem embaixo da tampa de metal. Voltei a ficar a cima
do chão e fiquei de frente para a saída de ar. Procurei na minha bolsa um
canivete suíço, usando-o para desrosquear os parafusos que prendiam a tampa.
Obtendo sucesso, deixei o metal em cima do lixo e enfiei meus braços no tubo de
ventilação, dando um impulso com meus próprios pés para entrar naquele local
espremido. Tinha acabado de achar uma vantagem de ter emagrecido tanto.
Comecei a me arrastar, até que
todo meu corpo se encontrasse ali dentro. Senti meus pés baterem no metal apertado
e utilizei-os para me ajudar a me mover para cada vez mais longe da entrada
perto da lixeira.
Continuei meu caminho, virando
para a esquerda, depois, direita, praticamente me perdendo no meio de todo
aquele labirinto.
– Ah! Claro, Sr. Bolton! – ouvi
uma voz ecoando pelo duto de ventilação, deixando-me alerta – O senhor quer que
eu chame um médico? – segui o eco que a voz fazia, virando em outro tubo a
minha esquerda. Esse, por sua vez, era mais largo, e pude levantar meu corpo
para engatinhar a partir dali. – Ok. Ligarei para o senhor depois! Tchauzinho!
Andei mais um pouco, vendo a
longe uma luz fraca vindo de baixo do tubo de ventilação. Engatinhei mais
rápido em direção a luz, chegando em outra portinha de metal. Usei meu canivete
mais uma vez, agradecendo pelos parafusos estarem virados para o meu lado, e
tirei a tampa dali com cuidado, avistando um carpete vermelho.
– Xeila, chama o médico do Sr.
Bolton? – uma mulher bem vestida passou pelo carpete, com vários papéis na mão,
indo para outro lado no qual não pude ver.
Arrisquei-me a abaixar a cabeça
pelo buraco, para conferir se podia descer. Não vi ninguém na sala, muito menos
a mulher de voz nojenta, amiga do Sr. Bolton. Levantei a cabeça, levando meus
pés para fora e dando um pulo, pousando delicadamente sobre o carpete.
Observei a pequena sala que me
encontrava e saí pela porta, chegando em outro corredor vazio, cheio de portas
que pareciam infinitas. Eu precisa pensar, raciocinar, descobrir a sala em que
eles estavam e eu já tinha uma noção de onde eu procura...
– Ei! – um grito veio de trás de
mim. Dei um pulo, me virando assustada – O que está fazendo aqui?
Os cabelos tacados de gel, a
barba bem aparada e a blusa xadrez vermelha me fizeram lembrar as minhas
pesquisas anteriores. O nome piscou no meu cérebro e pela primeira vez na vida
fiquei sem uma resposta para dar. O que eu falaria?
– Hm... Eu... Estou... Sabe...
– Você não parece uma
funcionária. – disse Liam, dando um gole em sua garrafinha d’água.
– Eu só estava...
– AAAAAH! – ele deu um berro,
como se tivesse lembrando-se de algo e me assustando de novo – Você veio para o
teste não foi? Pra entrevista? – me encarou, esperando uma resposta.
– Er... Foi. – concordei,
endireitando a coluna e firmando a voz – Vim para a entrevista, mas... No
caminho pra sala... Eu meio que me perdi.
– Fica tranquila – ele riu fraco
– Esse lugar é enorme mesmo! Preciso de um GPS pra achar um banheiro até hoje!
– ele gargalhou da própria piada. Ri fraco, abrindo um sorriso forçado.
– Será que você pode me levar pro
lugar certo? – perguntei, coçando a cabeça.
– Mas é claro! – Liam disse,
simpático, se aproximando de mim e franzindo o cenho de repente – Hmm... Você
me é familiar, te conheço? – neguei rapidamente.
– Com certeza não! Sou
norte-americana... Vim pra Londres procurar... – parei, tentando adivinhar que
tipo de entrevista “eu viera fazer” – ...algo pra fazer da vida!
– Bem que reparei no sotaque! –
falou, começando a andar pro outro lado – Aliás, sou Liam! – esticou a mão para
mim. Apertei-a – Eu sei que já deve me conhecer, porque se não, não estaria
aqui, mas gosto de me apresentar para as pessoas.
– Sim. Eu te conheço! – sorri o
mais meiga possível, continuando a tentativa de decifrar pra que entrevista eu
estava indo – Sou Hope! – menti, voltando a andar do seu lado.
– Nome legal. – ele falou – Então?
Está gostando de Londres? – pra falar a verdade: não.
– Sim – menti outra vez – É um
lugar lindo.
– Nem me fale! Adoro esse lugar,
mas não é sempre que posso sair e aproveitar! Geralmente as fãs não permitem! –
Liam disse um pouco frustrado.
– Deve ser uma loucura essa
vida... – comentei, com uma pitada de sinceridade.
– Nem me fale. Mas tem muito mais
prós do que contras, isso eu posso te garantir! – ele falou fazendo uma careta
sonhadora e eu pude jurar que senti vontade de rir de verdade, mas me segurei.
Por ser uma pessoa muito
detalhista, pude reparar o quanto Liam estava cansado. Suas olheiras o
denunciavam por completo e suas bochechas estavam levemente marcadas, ou seja,
estava dormindo ou sua cabeça ficou um bom tempo apoiada na mão, em posição de
tédio... Bem, continuamos andando pelos corredores e Liam não parava de falar
um segundo. Em cinco minutos de caminhada consegui ouvir a história da sua
família, decorar o nome de suas irmãs e descobrir que ele tinha uma tartaruga
de estimação chamada Billy.
– Aqui estamos. – ele parou em
frente a uma fila cheia, completamente cheia, de garotas – E é bom eu me mandar
antes que...
– AH MEU DEUS! – uma guria na
nossa frente berrou, atraindo a atenção de todas ali – LIAM! – ela começou a
dar pulos e eu fiquei visivelmente assustada. Que tipo de animal ela era?
– Antes que isso acontecesse! –
ela sorriu fraco, vendo metade daquelas criaturas correrem pra cima dele.
Fiquei prensada no meio daquela
roda e comecei a me questionar se elas eram mesmo humanas. Podia jurar que uma
delas mordeu minha orelha. Além do mais, os gritos eram tantos, numa altura
desagradável, que achei que iria ficar surda. Chegava a ser pior que um barulho
de tiro.
– QUEM É ESSA? – uma gritou.
– OLHA ESSA ROUPA!
– LIAM, EU TE AMO!
– Vamos sair daqui! – ele falou
com pressa, pegando na minha mão e me puxando para o final do corredor, onde
uns três seguranças nos puxaram do meio da muvuca
que nos cercava e nos jogava dentro de uma sala. Tropecei nos pés de um dos
caras (seguranças) e senti o chão ceder, já esperando minha cara aterrissar o carpete
com força.
– Cuidado! – uma voz grave falou
e segundos depois, senti meu corpo pendurado em braços rígidos cobertos por uma
jaqueta cheirando a couro e cigarro.
Ouvi um barulho de porta batendo;
os gritos foram totalmente abafados e meu corpo foi colocado em solo novamente.
Olaaaaaaaaaaaaaaaaa minhoquinhas!
NÃO! HOJE NÃO É SEGUNDA, JÁ SEI!
Mas é que talvez amanha eu não consiga publicar,
por isso estou publicando hoje!
But, se amanha der, eu posto do mesmo jeito
e vocês acabam com 3 capítulos essa semana!
Boooom, esse cap tava muito grande então eu dividi,
tirei o final desse e passei pro cap 6.
Eu espero que tenham gostado e a partir de agora
vai ficar mais legal, eu JURO!
Muuuito obgg pelos comentários!
Eu amo vocês, tá?
Só isso garotas!
Tenham um boooom domingo!
Malikisses & Paynekisses
Lo <3
Elo sua Diva S2
ResponderExcluirDesculpe por demorar para comentar,estava muito ocupada essas semanas,enfim,sua outra fic que pft,essa e bem diferente,me apaixonei desde que li o primeiro capítulo.
Como assim ficar mais legal? Já tá,imagina se ficar mais? Vou ter um ataque de ler tanta perfeição.
Minhoca Mãe! E sua outra fic,que ñ era publicada aqui? Eu fui atraz e ñ achei,pode mandar um link.
Bjs
Que sortuda hem. Nem precisou ficar no meio da muvuca.
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