Joguei minhas bolsas sobre a cama
empoeirada, forrada por uma colcha de flores rosas e azuis mofadas. Chanel
soltou um miado confuso, pulando em cima do colchão, levantando um mar de
poeira que a fez espirrar. Joguei meu celular em cima de uma cômoda velha e me
deitei na cama em uma posição fetal, acariciando os pelos brancos de minha gata.
Eu ainda não acreditava no que
havia feito: fugido. Eu tinha ido embora o mais rápido possível depois da
conversa com Niall. Os olhos dele me encarando com pavor me davam ânsia de
vomito e repulsa de mim mesma. Eu era um monstro, um monstro treinado para
matar e fazer o mal e aquilo nunca mudaria.
Mais choro estava entalado em
minha garganta. Pensar em Zayn fazia com que esse bolo subisse rapidamente e eu
precisava fazer esforço para não solta-lo pelos meus olhos. Eu sabia que um dia
ou outro eu teria que contar a verdade, eu não poderia simplesmente passar o
resto da minha vida fingindo ser outra pessoa que eu não sou... Podia? De
qualquer maneira, deixa-los para trás não seria tão seguro quanto eu queria que
fosse, mas eu não podia continuar com aquilo. Eu estava sendo uma covarde. Uma
grande covarde que queria pular fora, sair do jogo! Eu não podia escolher entre
ele e Alfred... Alfred dissera que eu também estava sendo ameaçada... Eu não
podia morrer para sair do caminho para matarem ele, eu nunca me perdoaria por
isso – por mais que estivesse morta.
Chanel miou e virou seu rostinho
para mim.
– Não me olhe assim – resmunguei
– Eu não tive escolha, ok? Niall descobriu tudo e ele tinha razão... Eu não
posso fazer isso com eles, muito menos com Zayn! – ela miou novamente – Eu sei,
Chanel... Eu sei que ele está correndo mais perigo sem mim, mas... Eu não
consigo mais. – uma lágrima quente embaçou meus olhos, escorrendo por minha
bochecha – Eu não posso mais fazer isso! – mordi meu lábio – E se eu não me afastasse,
Alfred morreria... E ele não pode morrer. Eu não tenho mais ninguém.
Mais lágrimas começaram a descer
em um turbilhão de sentimentos. Segundos depois eu já estava soluçando,
enfiando minha cabeça em um travesseiro que fedia a suor e molhando toda a sua
fronha. Era isso que os covardes faziam, choravam, se rendiam a dor que
acumularam no peito.
Eu não sei por quanto tempo
fiquei chorando naquela cama, em um quarto de um motel londrino barato, botando
tudo para fora. Cada lágrima que escorria, era uma dor passada que se instalara
em mim; cada lágrima escorrida era um erro que cometi; cada lágrima escorrida
era uma pessoa que matei. Chegou a um ponto em que parecia não existir mais
água para cair dos meus olhos e foi então que eu acabei caindo no sono.
Acordei mais tarde com dor na
cabeça. Ela latejava e meus olhos arderam quando eu os abri. Sentei-me com
dificuldade na cama, encarando o quarto pequeno e uma sujeira que Chanel havia
deixado no chão forrado por um carpete vermelho manchado com tinta azul. Me
rastejei para fora da cama, indo em direção ao banheiro e encarando meu reflexo
no espelho. Meus olhos estavam tão inchados que chegava a dar medo.
Prendi os cabelos fungando com
nariz e passei uma água no rosto, saindo do banheiro com uma sensação de peso
do corpo. Peguei meus celular e me joguei em cima da cama, desbloqueando a
tela. Naquele momento eu provavelmente estaria agendando voos para os shows na
Irlanda, mas em vez disso eu estava acabada em um motel. Eu podia passar minha
noite me afogando em lágrimas.
Foi então que o celular vibrou em
minhas mãos, mudando a tela para uma foto de Louis fazendo uma careta engraçada
ao meu lado. Meu corpo tremeu e eu me sentei no colchão, encarando a foto por
uns dez segundos, pensando se eu atenderia ou não. Passaram-se mais uns trinta
segundos e a foto sumiu, assim como celular parou de tocar, mostrando que Louis
havia desistido.
Joguei o celular na minha frente
e fiquei observando as várias ligações que apareciam nos últimos minutos:
“Louis”, “Louis”, “Louis”, “Louis”, “Louis”, “Louis”, “Harry”, “Louis”,
“Louis”, “Liam”, “Louis”, “Harry”.
Então, depois de várias ligações
e muitas ignoradas, a foto havia finalmente mudado. Mudou para uma minha com o
Zayn. Ele estava beijando minha bochecha enquanto eu sorria e tínhamos tirado
há pelo menos três dias. Seu nome piscou na tela várias vezes. Entrava na caixa
postal e depois tentava novamente. Caixa postal, outra ligação. Aquilo se
repetiu umas trinta vezes, sem brincadeira, e eu ficava apenas olhando, tentada
a não atender uma ligação.
O celular vibrou mais uma vez e
Chanel resmungou do outro lado do quarto. Eu suspirei, passando a mão pelo
rosto e puxando meus cabelos para baixo, frustrada.
– Anda Clara... Seja mulher.
Peguei o celular perto dos meus
pés e encarei a foto por mais alguns segundos antes de apertar o botão verde e
leva-lo a orelha.
– Zayn. – minha voz saiu rouca.
– HOPE! – ele deu um berro do
outro lado da linda – ELA ATENDEU!!!!
– DEUS É PAI! – escutei a voz
fina de Louis do outro lado – Pergunta logo onde ela tá, cara. O que tá
acontecendo?
– Hope, meu Deus, cara, você nos
deu um susto! Cheguei em casa e você não estava, e ainda não atendeu os
telefonemas, quer nos matar do coração?
– Zayn, eu...
– Fala logo onde você tá porque
estou indo para aí agora mesmo! Pelo amor de Deus, nunca mais faça algo desse
tipo, você me matou do coração e...
– Zayn! – tentei ser autoritária,
mas minha voz saiu mais mole ainda – Você não precisa me buscar em nenhum
lugar!
– O quê? Por quê? Você tá de
carro?
O choro de antes decidiu voltar
para a minha garganta. Soltei uma fungada, piscando os olhos várias vezes para
evitar aquela água quente que subia.
Respirei fundo e falei:
– Porque eu não vou voltar mais.
Silêncio.
– Quê? Não entendi. O que quer
dizer com is...
– Eu não voltar mais Zayn...
Estou indo para Nova Iorque. – respirei fundo outra vez, me sentindo um mostro
ainda pior – Eu to indo embora.
Mais silêncio.
– Hope... – Zayn abaixou o tom de
voz – Isso é algum tipo de piada?
– Não! Não é... Eu estou indo embora,
eu me demito e... – a conversa com Niall voltou para meus pensamentos. O fato
de eu ser vontade veio junto como bônus – estou terminando com você! – fiz uma
careta sofrida, fechando os olhos e sentindo outra lágrima escorrer. Eu não
acredito que estava fazendo aquilo – Por favor, tente entender, eu..
– Espera... Isso é sério? Isso
não pode ser sério... – ele soltou uma risada irônica – Isso... Isso... Onde
você está, Hope? Vem pra casa, precisamos conversar.
Solucei.
– Essa não é a minha casa. –
tampei minha boca para evitar sair outro soluço. Eu estava deixando ele para
trás. Eu estava largando ele para praticamente morrer. Era isso que eu estava
fazendo! Clara, você é tão idiota. Niall, você é mais idiota ainda – Desculpe.
Por favor, não me procure! – falei rapidamente, desligando a ligação e meu
próprio celular em seguida.
Eu cheguei a pensar que vomitaria
meu próprio coração. Eu era uma covarde oficial, uma covarde bipolar oficial.
Mas eu não podia deixar Zayn
morrer.
Também não podia deixar Alfred
morrer.
E não podia tentar viver uma vida
perfeita falsa.
Joguei o celular desligado com
força no chão. Ele já estava rachado e não estava me importando se havia
piorado a situação. Limpei minhas lágrimas com força, chegando no segundo
estágio de um “rompimento”. A raiva.
Tudo isso era culpa de uma
pessoa. Uma única pessoa. O homem misterioso que mandara matar Zayn. Era tudo
culpa dele. E eu não ia mais me lamentar em uma cama velha, esperando alguém
morrer. Eu iria investigar minha última vítima, iria para uma ultima missão.
Iria descobrir a verdade de uma vez por todas. Eu iria achar esse cara e iria
acabar com ele.
Narrador’s POV
A velha fábrica de ferramentas
era um lugar muito grande. Haviam várias salas que eram usadas para diferentes
funções na hora da produção. No momento, as salas vazias e velhas estavam sendo
de ótimo uso para uma única pessoa. Seus cabelos eram rasos, as roupas eram
pretas e ele usava uma máscara de ferro no rosto, com os detalhes dos lábios e
nariz realçados.
Ele observava pela janela do seu
novo “escritório” quando um homem entrou no cômodo rapidamente. Ele era
magrinho e parecia novo de mais para trabalhar com aquele tipo de assunto.
– Clara Vacker foi embora,
senhor. – ele disse, ofegante – Skin acabou de vê-la entrar em um motel em um
beco aqui em Londres.
– Interessante. – disse o
mascarado, sua voz saiu abafada – Avise o agente Gold que já temos o que ele
precisa e o resto, você já sabe o que fazer, James.
– Sim, senhor. Não o
desapontarei.
– Assim espero. – o homem sorriu por
trás da máscara, sentindo um gosto doce em sua saliva, o doce gosto da
vingança.
Ele finalmente acabaria com Clara
Vacker, assim como ela acabou com ele.
Clara’s POV
– Por que alguém mascarado
mandaria matar um cara simples e bondoso de uma banda? – eu andava para os
lados, pensando a respeito sobre o assunto. – Será que Zayn deve a alguém? –
espremi os olhos, filosofando – Não! Ele não é assim! Não faz sentindo! –
suspirei – O que acha, Chanel?
– Miau.
– Muito interessante, vou anotar
no meu bloquinho! – revirei os olhos, encarando todas as folhas que eu havia
preenchido com teses inúteis e o computador aberto em algumas pesquisas – Zayn
não faz mal a uma mosca! Por que raios querem mata-lo?
Joguei meu bloquinho de anotações
longe, revoltada com tudo aquilo. Por que queriam matar Zayn Malik?
Sentei-me na cama, sentindo um
sono devastador. O relógio marcava três e quinze da manhã, mas eu havia
prometido para mim mesma que só dormiria depois de descobrir todo esse
mistério.
Pense Clara... Você sempre foi boa nesse tipo de coisa. Pense.
Botei minha mente para trabalhar,
fechando os olhos e quase caindo no sono por conta disso. Meu cérebro tentou
ligar qualquer acontecimento, qualquer fato, qualquer coisa que ajudasse em
tudo isso, mas nada era suficiente. ERA UM CASO IMPOSSÍVEL.
Duas batidas fortes foram
depositadas contra a porta e eu pulei de susto, voltando a realidade. Me
levantei quase que me arrastando e fui até a porta, imaginando quem poderia ser
as três... Da manhã... Por que alguém viria no meu quarto nesse horário? Não
fazia o mínimo sentindo, chegava a ser completamente estranho.
– Quem é? – perguntei, irritada
por não ter um olho mágico ali.
– C-Camareira. – as três da
manhã?
– Só... Só um minuto.
Abaixei meu corpo com cuidado,
encostando minha barriga no chão e olhando sobre a fresta da porta. Vi duas
sapatilhas azuis em um pé delicado, extremamente feminino. Me levantei
novamente e pensei alguns segundos antes de abrir a porta e dar de cara com uma
mulher. Os cabelos delas estavam presos e seus olhos se encharcaram de lágrimas
assim que me viram.
– O que acontec... – comecei a
perguntar, mas fui totalmente interrompida por um homem que apareceu ao seu
lado.
– Clara Vacker. – ele falou,
olhando para a camareira em seguida – Obrigada, querida, assumo por aqui.
Ela concordou e saiu correndo,
ainda chorando. Olhei-a ir embora e depois encarei o cara na minha frente que
aparentemente me conhecia de alguma maneira. Dei um passo para trás, levando
minhas mãos lentamente para o bolso traseiro da calça, onde eu havia deixado um
canivete suíço perante tudo o que acontecia.
– Nem pense em pegar esse
canivete, querida. – ele sorriu para mim, entrando no quarto e tirando o chapéu
da cabeça – Sabe o quanto foi difícil te encontrar? – ele sorriu para mim,
tirando uma máscara de médico do bolso e vestindo em seu rosto – Querida, estou
há mais de cinco anos tentando te prender.
Polícia.
– Me prender? – fingi uma
surpresa.
Meu objetivo no momento era
chegar até minha bolsa, pegar uma arma e fazer o possível para sair dali e viva
e desvendar esse outro problema. O único detalhe era que estava sentindo minhas
pernas moles e a visão estava se escurecendo, fazendo-me piscar várias vezes.
– Sim. Sim. Venho te estudando há
anos. – ele continuou – Aliás, nem tente ir até suas armas... Nesse exato
momento, estão sendo jogados no tubo de ventilação deste quarto uma espécie de
sonífero. Você irá apagar daqui alguns segundos.
– O quê? – arregalei os olhos,
sentindo um tontura horrível e me desiquilibrando – Quem... Quem é você?
Quando caí no chão, seu corpo se
aproximou do meu e ele se agachou, acariciando os fios de meus cabelos e
dizendo:
– Sou o detetive Johnson,
querida. FBI. – Johnson falou e tudo ficou borrado.
Segundos depois, eu não enxergava
mais nada além de uma escuridão tenebrosa e quando menos esperei, minha consciência
se apagou em um clique.
Heeey pessu!!
Tudoo boooooooooooooooom?
Mais um cap :D
Gostaraaaaaaaaaaam?
Muiiiito obrigada pelos lindos e maravilhosos
comentários!!!!!
Amo vocês!
Eu vou ser rápida pq to c a internet
um horror e to publicando antes que
ela acabe, ok?
Beijos,
Lo
AHH MDS CONTINUAAAA
ResponderExcluirOii, queria dizer que sua fic está incrível. Eu leio desde o início mas nunca comentei ( o que é uma pena). Continue, estou esperando os próximos capítulos ^
ResponderExcluirContinuaaaaaaa
ResponderExcluirEu tinha esqecido q se ia posta hj kkk maiis continua xoxo isabel
ResponderExcluirNossa que capítulo divino, o que será que esse Johnson quer com Clara?
ResponderExcluirQual o motivo de querer matar Zayn ?
Quem é o tal mascarado? MUITOS mistérios,estou SUPER curiosa pra saber o que vai acontecer.
Já disse que você escreve SUPER BEM? NÃO?Você escreve mais que bem é divino a forma que você explora os personagens,cada detalhe, você mostra claramente os sentimentos de cada um. Isso é maravilhoso, bem detalhado,agente conhece mais o personagem e se apaixona mais ainda <3
Continua logo,está perfeito ;D
xoxo Paloma O/
Continuaaaaaaaa
ResponderExcluircontinua ta perfeita, so queria saber os dias q vc posta??
ResponderExcluirEu to morrendo FBI? COMO ASSIM PLMDS
ResponderExcluirEu to morrendo FBI? COMO ASSIM PLMDS
ResponderExcluirEu to morrendo FBI? COMO ASSIM PLMDS
ResponderExcluirQ dia vc vai postar mais?
ResponderExcluirQ dia vc vai postar mais?
ResponderExcluirOii .. ela posta e segunda-feira e Quinta-feira .. xoxo isabel
ExcluirEspero ter ajudado :)
Vou morrer se vc não postar logo
ResponderExcluirElo abre vagas para adm?
ResponderExcluirA mais eu sei que foi Niall que conto para a policia e essennegocio de fbi nao er, er alguem que quer matar Zayn . Hoje er segundaaa sabe q isso suginifca? Capitulo.novo hahahahah malz pelos erros celular . Continua eu nunca desejei tanto pela segunda feira como hoje kk isso ai abre vagas?
ResponderExcluir