Meus pés batiam um contra o outro no ar, entediados. A fileira de camas
cinzas estavam vazias, deixando-me ainda mais desconfortável e com medo. Meus
cabelos loiros estavam presos em dos rabos de cavalo, um de cada lado e usava
um vestidinho verde, dado pela minha mãe de presente de Natal no ano anterior.
Um homem passou pela porta de metal. Ele usava terno e botas
masculinas. Ele caminhou até mim, se ajoelhando para poder ficar da minha
altura, sorrindo ao fitar meu rosto.
– Oi, Clara. – ele disse – Sou Alfred. – estendeu a mão para me
cumprimentar gentilmente – Lembra de mim? – concordei de leve, dizendo logo em
seguida:
– Onde estou? Cadê meus pais?
Alfred perdeu o sorriso do rosto. Suspirou, segurando meu queixo com os
dedos. O olhar que me lançara não fizera muito sentido em minha cabeça, afinal,
tinha apenas sete anos e não fazia a mínima ideia do motivo de estar ali. Por
que ele me olhava com tanta pena?
– Você está em casa agora.
– Essa não é minha casa.
– Mas será, Clara. Será.
Alfred me puxou para um abraço. Um abraço bom, que eu devolvi sem
entender muito.
– Clara, Clara, Clara... – ele falava meu nome, como se chorasse em
meus ombros. Por que ele estava chorando? – Seus pais... – ele se afastou,
segurando meus ombros e me encarando seriamente – Eles se foram.
– Eu sei. Eles foram para uma viagem em Los Angeles. – ele riu,
parecendo achar engraçado minha ingenuidade.
– Não, querida. Eles se foram, para sempre.
– O quê? Não. Eles juraram que iriam voltar.
– Clara, eles morreram.
Meus olhos se arregalaram e um borrão branco tampou minha visão. Alfred
não estava mais na minha frente, o cenário havia mudado. Eu via minha mãe,
minha mãe caída na minha frente. Seu corpo estava ensanguentado e ao seu lado,
do mesmo jeito, estava meu pai. E como se não bastasse, há alguns centímetros
de distância estava Steve, com o rosto deformado, machucado, destruído.
Mas ele não estava morto.
Steve tentava falar comigo, ele abria a boca carbonizada e murmurava:
– Hope... Hope...
Hope...
Quem era Hope?
– Ei, Hope! Hope! HOPE! – meu corpo se
remexeu para a esquerda e depois para a direita – HOPE! EI!
Um calafrio percorreu minha
espinha e meus olhos se abriram bruscamente. Meu peito subia e descia numa
rapidez inacreditável, e eu estava completamente sem folego, assim como um rio
de suor pingava pela minha testa. Meu Deus, o que tinha acontecido? Meu rosto
estava MUITO molhado! E só fui perceber depois que senti a dor em meu pulso que
algo prensava minhas mãos na cama, ou melhor, alguém prensava.
– Hope! Você tá bem? – o rosto de
Zayn se encontrava próximo ao meu, eu conseguia ver meu reflexo em seus olhos
castanhos.
– O que... O que aconteceu? –
perguntei.
– Me diga você! – ele soltou
minhas mãos – Você estava gritando, esperneando, chorando.
– Eu... – limpei o suor da minha
testa enquanto me sentava devagar na cama. Esperneando? Gritando? Chorando? –
Tive um pesadelo.
– Quer... Falar sobre isso? – ele
perguntou, se sentando perto dos meus pés.
– Não. Estou bem. – falei
tentando demonstrar calma, quando, na verdade, estava a ponto de desmaiar.
– Tem certeza? – Zayn insistiu.
Eu tinha sempre esses pesadelos,
mas nunca foi a ponto de gritar ou espernear, geralmente eu só acordava um
pouco suada. E eram sempre os mesmos: ou a notícia da morte dos meus pais, ou alguma
coisa que envolvia Steve, mas dessa vez, foram os dois juntos, capacidade que
eu não sabia que tinha.
– Hope? Você tá mesmo legal?
Não. Eu não estava legal.
– Não é nada. Sério. – menti mais
uma vez.
– Tem certeza? Você ficou
estranha essa noite inteira também!
Isso não era mentira. Fiquei
tensa com a discussão que tive com Alfred. Depois daquilo mandei dobrar a
segurança de todos os shows, entrevistas e até pedi que não deixassem ninguém
entrar nos quartos dos meninos sem ser identificado e reconhecido por eles
antes. Eles não acharam tão estranho, já que há dois dias tentaram matar Zayn e
naquela manha ele tinha quase morrido com um “inseto”(não que insetos pudessem
entrar no quarto e mata-los... Mas você entendeu).
– Sim. Eu estou bem.
Zayn ficou me encarando por
alguns segundos até decidir levantar. Ele deu a volta na cama, se jogando ao
meu lado.
– O que está fazendo? – perguntei
confusa.
– Vou ficar com você, oras. Sei
como é horrível quando temos pesadelos e quando eu tenho, gosto de conversar
com alguém para que eu esqueça. Além do mais, você me salvou duas vezes!
Preciso te recompensar!
Tive vontade de ser grossa e
falar que eu não era ele, mas não queria voltar a dormir e deixar os pesadelos
dominarem minha cabeça de novo. Talvez conversar com Zayn fosse uma ótima
distração.
– Então? Sobre o que quer
conversar? – ele perguntou, se enfiando em baixo das cobertas e chegando mais
perto.
– Qualquer coisa – dei de ombros,
ficando um pouco envergonhada estando com aquele pijama horroroso na frente
dele.
– Certo... Pode começar me
contando onde é sua tatuagem misteriosa. – admito que soltei uma gargalhada.
– Pensei que já tinha esquecido!
– Eu não esqueço as coisas com
muita facilidade. – Zayn me olhou suplicante com seus lindos olhos.
Ele estava usando um pijama
parecido com o meu – o que tornava aquela situação ainda mais constrangedora –
e seus cabelos estavam totalmente bagunçados e baixos, sem nenhum resquício de
um topete bem feito. Com eu nunca tinha reparado o quanto ele era bonito? E
seria estranho se eu o achasse atraente no momento? Sim, seria estranho.
– Bem... – eu tirei a coberta do
meu corpo e sentei em posição de índio – Aqui. – apontei para o meu calcanhar,
onde havia um pequeno coração preto com uma flecha atravessando-o.
– Eu sabia!! – Zayn vibrou,
fazendo um “yes” enquanto dançava uma dança entranha – E o que quer dizer?
– Eu... Fiz por causa de um
namorado, sabe? Eu fiz e ele também. – dei de ombros, sentindo um nó se formar
na minha garganta. Droga, Malik! Por que tivemos que entrar justo nesse
assunto?
– Oh, você namora? – ele
perguntou com uma careta na qual quis ignorar.
– Namorava... – enfatizei – E não
acredito que fui tão estúpida em fazer essa droga. – enfiei meus pés novamente
no cobertor, sentindo-me mais aliviada por esconder aquela coisa que me
despertava lembranças tenebrosas.
– Quando estamos apaixonados
fazemos coisas que nem imaginaríamos que faríamos um dia... Digo por
experiência própria.
– Você já se apaixonou? – olhei
para ela, vendo seu rosto encarar os próprios dedos sobre o cobertor.
– Tive uma noiva... – ele deu de
ombros. Eu sabia sobre essa noiva, lembro de ter lido algo sobre ela quando
pesquisei sobre Zayn. Não conseguia imagina-lo noivo, era jovem de mais – Mas
não deu certo.
– Sinto muito.
– Não sinta, isso é passado. –
ele sorriu para mim, dando de ombros – Então, vai me contar o motivo do seu
pesadelo agora ou terei que te tacar na parede? – soltei outra risada, sentindo
meu coração palpitar dentro do meu peito, ansiando para que eu botasse tudo
para fora pelo menos uma vez.
Fiquei poucos segundos pensando
se realmente me abriria com Zayn Malik, o cara no qual eu deveria ter matado há
duas semanas, mas que não havia conseguido.
– Meus pais morreram num...
Acidente quando eu tinha sete anos... Aqui em Los Angeles. – agora eu olhava
para meus próprios dedos – E eu sempre tenho pesadelos de quando recebi a
notícia, ou de como foi minha vida depois disso. – a cada palavra dita, eu
sentia vontade de expulsar uma lágrima idiota do meu corpo.
– Hope... Eu sinto muito. – Zayn
falou com um pesar na voz. Sua expressão esbanjava dó. Como eu odiava quando
sentiam dó de mim.
– Não sinta, isso é passado. –
imitei-o – Já faz muito, muito, muito tempo.
Eu não costumava falar dos meus
pais para ninguém, aliás, eu não tinha ninguém com quem falar. Nunca tive uma
melhor amiga, amigos, ou um parente, nem se quer distante.
Fui pega totalmente desprevenida
quando Zayn me abraçou. Ele realmente me abraçou. Minha cabeça foi posta em seu
peito e eu pude escutar as batidas aceleradas de seu coração-pôs-envenenado.
– Eu estou aqui se precisar,
Hope. – ele disse calmo, passando as mãos pelos meus cabelos e me soltando –
Sempre.
– Obrigada. – sorri sincera,
grata por aquele ato bondoso. Eu sei que é estranho, mas tive vontade de
abraça-lo de novo, e de novo, e de novo, e de novo, e assim por diante, até eu
me cansar.
– Sabe do que você precisa? Hein?
Hein? – me perguntou animado, tirando-me de meus devaneios.
– Do quê? – franzi meu cenho,
encostando minha cabeça em minha mão boa.
– Sair! Vem com a gente noite que
vem no pub! Dançar um pouco, beber... Conhecer uns caras legais... Sei lá.
– Ah não... Eu não sei dançar! –
falei sincera, negando com a cabeça.
– Isso não é problema!
Zayn deu um pulo da cama, levando
minha coberta junto.
– Zayn! Devolve! – reclamei,
levantando junto e indo atrás dele – Para! Eu to com frio!
– Só se dançar comigo antes!
– Qual a parte do “eu não sei
dançar”, você não entendeu?
– Como eu disse! Isso não é um
problema! Eu te ensino! – ele jogou a coberta no chão e pegou o controle da TV.
Ele ligou o aparelho televisivo e ficou passando os canais até achar um em que
passava um clipe qualquer, de uma música bem antiga pelo jeito. – Opaaaa! Eu
amo essa música! – ele aumentou o som, no máximo.
– Zayn! Abaixa isso! Tem gente
dormindo! São quatro horas da matina... – tentei pegar o controle de suas mãos,
mas ele jogou o pequeno objeto longe, mais especificamente em baixo da cama.
– Fica quieta, garota.
– Isso é uma música lenta! Não
toca música lenta em pubs!
– Para de reclamar, Hop! – Zayn
segurou em minha mão e puxou meu corpo para perto do dele – Agora é só me
seguir!
Suas mãos deslizaram pelo meu
braço enquanto ele se movia no ritmo lento da música que tocava. Soltei uma
gargalhada quando ele tentou dar uma rebolada sensual e cheguei à conclusão que
ele era mais duro do que eu. Seus dedos entrelaçaram nos meus e ele me girou
com cuidado, juntando nossos corpos depois de eu rodar 360°. Parei de rir no
instante em que suas mãos pousaram uma de cada lado de minha cintura.
– Coloca os braços no meu
pescoço... – ele falou baixo e eu levei meus braços em volta de seu pescoço,
tomando cuidado com o pulso enfaixado – E agora é só mexer.
Ele levou o corpo para a esquerda
e eu o segui, sentando não pisar nos meus pés, nem nos dele. Demos um volta com
aqueles movimentos e depois Zayn me girou outra vez, trazendo-me para perto,
mas pegando minha mão direita e encaixando na sua, levando-as no ar. Sua outra
mão voltou para minha cintura e a minha enfaixada foi para seu ombro.
Seus olhos focaram nos meus e eu
pensei que iria vomitar em cima dele – imaginem que deselegante – e a cada
movimento que ele me guiava a fazer, eu me sentia mais leve, quase como uma
pena, voando pelo quarto.
– Dois passos para frente, dois
para o lado... Dois para frente, dois para trás e giro. – ele fez, repetindo
tudo isso até a música finalmente parar e passar para outra qualquer. – E...
Fim.
Meu corpo parou próximo ao seu e
tive a sensação de seus dedos apertarem de leve a minha cintura. Sua mão
entrelaçada, puxou a minha até seus lábios e ele depositou um beijo suave ali.
Meu coração acelerou, mandando sangue para as minhas veias numa velocidade
descomunal. Seu rosto se afastou e a região que seus lábios pousaram formigava
intensamente.
– Viu. Não é tão difícil assim. –
ele sussurrou e depois se afastou de mim.
Percebi só então que estava
segurando o ar em meus pulmões. Senhor, o que tinha sido aquilo?
Ficamos uns cinco minutos
parados, sem dizer uma palavra. O clima estava muito tenso, mas eu não pensava
em nada que pudesse mudar aquilo... Eu só conseguia sentir raiva da minha mão
formigando. Foi uma coisa tão simples, mas meu corpo reagiu como se fosse de
extrema importância.
– Eu... – ele falou, parecia tão
perturbado quanto eu – Eu vou indo. Boa noite, Hope! – sorriu fraco e quando
percebi, ele não estava mais no quarto.
Estava sozinha novamente. Mas
dessa vez, tentava entender o que tinha acontecido.
OLAAAAAAAAAAAAAAA!
Tudooooooooo booooooooom amoresss?
Não publiquei ontem, então estou
publicaaaaaaaaaaaaaaaaando hoje!
Espero que tenham gostado do capítulo!
log! Já foi arrumado, como
podem ver.
O blog tbOu não...
Efim!
Esse foi melhor que o outro, certo?
Muuuuuuuuuuuito obrigada pelos comentários
e me desculpem aquele erro que
deu de vc ter que ser convidado
pelo bm ta com um novo design, que
foi feito pela Carol! Créditos a ela, claro!
Gostaram? Eu amei *-*
Booooooooom! Só isso!
Até segundaaa!
Malikisses & Paynekisses
Lo <3
Deiiixa eu postar minha fanfic aq? ... xoxo isabeel caso deixar deixo meus contatos obgd
ResponderExcluirOq dizer sobre essa fic maravilhosa q comecei a ler esses dias e ja to amando? serio lo continua porq eu to mtooooo apxnada e preciso de mais!
ResponderExcluirOmg!! Mds vc escreve muito bem!! :o caraca!! Sua Fic é perfeitaa!! Eu estou amando, foi umas das melhores que li!! Caraa esta divino!! ♡ ♡
ResponderExcluirEloo , sua Fic é perfeita menina continua que eu to amandoo !!!
ResponderExcluir…Karol…
Eu ñ tenho palavras pra descrever sério sua fic daria um filme perfeito!!!#Top#Ameii !!!
ResponderExcluirXxAlly